Refletir, publicar, escrever sobre a temperança é hoje um desafio. A palavra desapareceu do vocabulário do homem médio, assim como do vocabulário da “elite” intelectual, laica ou religiosa. Quanto a nós, a última vez que a escutamos foi no início do século, em nossa infância, quando o professor instava-nos, à saída da escola, a aderir à uma “sociedade de temperança” ― como as muitas que então havia na Bélgica ― cuja específica finalidade era combater, não as incontáveis formas da intemperança, mas o alcoolismo, que afligia um pouco por toda parte, particularmente na classe operária. O petit Robert dá a ela apenas dois sentidos; um, “didático”: moderação em todos os prazeres do sentido; outro, “corrente”: moderação no beber e no comer, mais especialmente no consumo de bebidas alcoólicas. Ambos se volatilizaram tanto da linguagem da sociedade contemporânea como da terminologia dos moralistas contemporâneos. À exceção de alguns “paleotomistas”, cuja leitura ainda faz nossas delícias, não a encontramos em parte alguma durante um meio-século, nem mesmo nas conversas.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
A TEMPERANÇA
Refletir, publicar, escrever sobre a temperança é hoje um desafio. A palavra desapareceu do vocabulário do homem médio, assim como do vocabulário da “elite” intelectual, laica ou religiosa. Quanto a nós, a última vez que a escutamos foi no início do século, em nossa infância, quando o professor instava-nos, à saída da escola, a aderir à uma “sociedade de temperança” ― como as muitas que então havia na Bélgica ― cuja específica finalidade era combater, não as incontáveis formas da intemperança, mas o alcoolismo, que afligia um pouco por toda parte, particularmente na classe operária. O petit Robert dá a ela apenas dois sentidos; um, “didático”: moderação em todos os prazeres do sentido; outro, “corrente”: moderação no beber e no comer, mais especialmente no consumo de bebidas alcoólicas. Ambos se volatilizaram tanto da linguagem da sociedade contemporânea como da terminologia dos moralistas contemporâneos. À exceção de alguns “paleotomistas”, cuja leitura ainda faz nossas delícias, não a encontramos em parte alguma durante um meio-século, nem mesmo nas conversas.
Refletir, publicar, escrever sobre a temperança é hoje um desafio. A palavra desapareceu do vocabulário do homem médio, assim como do vocabulário da “elite” intelectual, laica ou religiosa. Quanto a nós, a última vez que a escutamos foi no início do século, em nossa infância, quando o professor instava-nos, à saída da escola, a aderir à uma “sociedade de temperança” ― como as muitas que então havia na Bélgica ― cuja específica finalidade era combater, não as incontáveis formas da intemperança, mas o alcoolismo, que afligia um pouco por toda parte, particularmente na classe operária. O petit Robert dá a ela apenas dois sentidos; um, “didático”: moderação em todos os prazeres do sentido; outro, “corrente”: moderação no beber e no comer, mais especialmente no consumo de bebidas alcoólicas. Ambos se volatilizaram tanto da linguagem da sociedade contemporânea como da terminologia dos moralistas contemporâneos. À exceção de alguns “paleotomistas”, cuja leitura ainda faz nossas delícias, não a encontramos em parte alguma durante um meio-século, nem mesmo nas conversas.
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